segunda-feira, 30 de março de 2009

Miguel Lopes e o clube ideal.

Mais um jovem rendido à competência. Um jovem que vem de uma família em que não ser "lagarto" é considerado quase como um crime. Quantos jovens "lagartos" e "lampiões" aqui do burgo lisboeta não gostariam de lhe seguir o caminho!? Nem todos os Marvilenses podem seguir as pisadas de um Costinha, de um Nuno Valente ou de um Miguel Lopes, mas qualquer um pode contribuir para que Lisboa fique cada vez mais azul. Branca já ela é.
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"É o clube ideal para mim"

Começou por ser guarda-redes, aos oito anos, no Oriental, e foi já no Olivais Sul, o clube que se seguiu, onde experimentou posições mais avançadas no campo. Passou ainda pelo Alverca, Benfica e Operário, dos Açores, antes de se afirmar em definitivo no Rio Ave. Agora, aguarda a mudança para o FC Porto, onde diz querer continuar a crescer e cumprir os sonhos que sempre perseguiu.

O que está à espera de encontrar no FC Porto?
Estou à espera de aprender tudo o que é habitual aprender-se no FC Porto: melhorar táctica e psicologicamente. Aliás, todos os clubes deviam trabalhar a parte psicológica de um jogador, porque se estivermos bem nesse particular, fazemos coisas que não conseguimos de outra maneira. Esse é, para mim, um dos aspectos mais importantes no futebol actual.

E acredita que o FC Porto pode oferecer-lhe isso?
Sim, parece que sim. Esta época, por exemplo, podemos pegar no caso do Rolando e do Fernando para o comprovar. Eles cresceram muito como jogadores. Mentalmente, o FC Porto é uma equipa muito forte e os seus jogadores, por muito que já tenham passado, são sempre consistentes nesse aspecto. E isso é fundamental.

Sabe-se que torcia pelo Sporting, jogou no Benfica e agora vai para o FC Porto. O que é que o FC Porto tem e os outros não?
O FC Porto está sempre nas competições europeias e tem maior visibilidade na Europa do que o Benfica e Sporting. Qualquer jogador que vá para o FC Porto, é trabalhado para evoluir. Seja para, um dia mais tarde, poder ser vendido ou para ficar muitos anos no clube. Por isso, foi a melhor opção que podia ter feito na minha carreira.

Considerou-se um jogador rápido, bom de cabeça e tecnicamente. Aparentemente, estas são as qualidades exigidas a um bom lateral. Acha que é um defesa perfeito?
Não, nada disso. Ainda não estou há muitos anos no futebol, mas posso afirmar, sem qualquer dúvida, que não há jogadores perfeitos. Digam-me um? Não há. No futebol, aprendemos todos os dias. Às vezes, até aprendemos com um simples olhar. Não me vejo como um jogador perfeito. Longe disso. Tenho de trabalhar muito, porque ainda tenho de melhorar muitos aspectos.

Quais?
Fiz toda a formação a extremo e, por isso, tenho de trabalhar e melhorar muito a nível táctico. Não se consegue aprender uma nova posição num ano e meio. Acredito que ataco bem, e isso é importante para um lateral moderno, mas também tenho de defender. Logo, preciso de aprender tacticamente. Tenho de melhorar a forma como me posiciono em campo.

É verdade que começou por ser guarda-redes?
Sim, no Oriental, quando tinha oito anos. Mas, depois, quando fui para o Olivais Sul com o meu irmão gémeo, via-o sempre a receber a bola, a correr. E eu ali, parado, na baliza, a ver os outros a jogar. Era complicado para mim e pedi para começar a jogar a extremo. O treinador deixou-me e foi assim que aconteceu. Nunca mais voltei à baliza.

E quando é que experimentou pela primeira vez o lugar de defesa-direito?
A primeira vez que joguei a defesa-direito foi no Operário. Na altura, o treinador precisou de me adaptar durante dois ou três jogos e, curiosamente, estive muito bem e até marquei dois golos. O treinador disse-me logo: agora és lateral-direito, mas confessei-lhe que preferia continuar a jogar a extremo, e lá continuei nessa posição. Depois, voltei a ser utilizado na defesa, já no Rio Ave, com o mister Eusébio, e tenho de lhe agradecer muito por isso. Se ele não tivesse optado por o fazer, provavelmente não teria chegado onde cheguei.

Comparações
"O FC Porto está sempre nas competições europeias e tem maior visibilidade na Europa do que Benfica e Sporting. Foi a melhor opção que podia ter feito.
Ficou com pena de não ter integrado o plantel em Janeiro?
Não. A pior coisa que podia fazer era deixar o Rio Ave na posição em que estava e está. As pessoas ficariam a pensar, e bem, que tinha ido embora sem me preocupar com o clube. Ficava mal. É verdade que seria bom para mim ter ido, mas eu próprio disse logo que não queria. Terei muito tempo para jogar no FC Porto.

Esteve no Benfica, mas não ficou. Acha que o Benfica não sabe aproveitar os jovens?
Esse não é um problema exclusivo do Benfica, mas da generalidade dos clubes portugueses. Aqui, em Portugal, não se aposta na formação. No entanto, os clubes têm de seguir esse caminho e apostar cada vez mais nos jovens portugueses, porque isso é fundamental para o futuro do nosso futebol.

O Sporting tem feito isso e a verdade é que raramente ganha o campeonato...
É verdade, mas não acredito que haja uma ligação entre essas duas situações. Os clubes em Portugal têm maneiras diferentes de trabalhar. O Sporting não tem ganho, mas, se calhar, vai ganhar com esse trabalho que está a ser feito agora. Acho que esse é o caminho, sinceramente.

FC Porto parece determinado a apostar em jogadores portugueses e jovens para a próxima época. O que pensa disso?
Como disse, penso que é esse o caminho. Os clubes em Portugal têm de apostar em jovens portugueses, porque só assim eles próprios conseguem ter o futuro garantido.

É possivel apostar no futuro e ter resultados no presente?
Claro que sim. Tudo depende da forma como se trabalha, colectiva e individualmente. É preciso incutir nos jogadores uma vontade de vencer, de dar tudo por um determinado clube. O FC Porto, por exemplo, é um desses casos: este ano apostou em jogadores como Rolando e Fernando, dois jogadores jovens, e a verdade é que continuou a ganhar mais vezes do que os outros.

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